Moçambique: 6 detalhes em português
Um sol escaldante e uma deixa na rotina sul-africana, foi o bastante pra eu desembarcar na “Pérola do Índico”, conhecida por Moçambique. Em Janeiro de 2008, lá estava o vosso autor, ainda se enrolando com as gírias do português moçambicano, pra procurar aquela mala nas esteiras. Mas a diferença era tão semelhante – não somente pelo idioma – como no aspecto social/cultural, que logo tive aquela certeza de que a África e o Brasil sempre estiveram de mãos dadas na sua essência; é uma terra onde me senti espiritualmente “em casa”.
E quanto a surpreender, a única vez que estive por lá já foi o bastante para relevar alguns preciosos detalhes:
1. Arquipélago de Bazaruto
Não queria começar exagerando, mas se trata de um grupo de cinco ilhas no Canal de Moçambique: o arquipélago é protegido como parte do parque nacional do país. Criado em 1971, inclui os recifes de corais que cercam as ilhas, tornando-se a única área marinha protegida de pesca em Moçambique. É constituído pelas ilhas de Benguerra, Magaruque e Bangue, bem como a pequena ilha de Santa Carolina, antes conhecida como Ilha do Paraíso. O parque é um dos maiores no Oceano Índico. As principais atrações são os golfinhos, as baleias jubarte e, claro, centenas de peixes coloridos. Já em terra, me deparei com macacos, antílopes, lontras, pelicanos, flamingos e, nos lagos das duas ilhas principais (Bazaruto e Benguerra), crocodilos também. Dica: para os amantes de praias, as atividades propostas são o mergulho e a pesca, mas até para caminhadas ou passeios a cavalo, esse é um lugar especial.
2 – Maputo
Ah, Maputo! Localizada no extremo sul de Moçambique, Maputo é a capital do país. Conhecida por seus mercados coloridos e uma vibrante vida noturna, esta cidade portuária fundada pelos portugueses tornou-se uma metrópole diversa e vibrante. Na lista dos lugares para visitar em Maputo, incluem-se a região de “Baixa Maputo” (constituída pelo seu porto e tradicional mercado), o Jardim Botânico Tunduru, a Casa Eiffel e o Museu de história natural. Do ponto de vista culinário, sou suspeito por qualquer argumento, já que seriam tendenciosamente claros para quem ama frutos do mar locais, especialmente os camarões com um molho peri-peri que são a especialidade da região. (Uma verdadeira apelação de paladar, da qual fui uma vítima frágil). Lembrando que, quando camarões não fazem mais efeito ao longo do dia, é sobre as cervejas locais e bebidas típicas que a cidade vai te ganhar pra uma saída à noite.
3 – Uma corrida de Táxi
Uma das melhores histórias que eu carrego na bagagem desse mundo foi quando tive a ousadia de me aventurar num táxi pelas ruas de Maputo: obviamente, além dos convencionais, a cidade também conta uma espécie de “Tuk-Tuk” africano, porém com algumas diferenças dos tradicionais da Índia e dos que andei na Tailândia. Eu me assustei quando fui surpreendido por uma oferta do taxista dizendo: “Queres uma corrida de laranjinha?” – Logo me dei conta de que é o nome carinhoso do veículo em Moçambique, justamente pelo triciclo possuir um formato redondo e, na sua maioria coloridos em laranja e amarelo. Já a “emoção” da corrida é a mesma, pois eu cheguei à conclusão de que onde existir um Tuk-Tuk, seja qual for o lugar do mundo, o motorista vai se sentir no filme Velozes e Furiosos, inevitavelmente. (E nem com a laranjinha tocando Bob Marley nos alto-falantes, dava pra relaxar, então foi mais fácil respirar fundo e entrar na onda). Depois de algumas curvas quase derrapando, capotando e passando por cruzamentos na contramão, eu já conseguia cantar “Three little birds” que o motorista ouvia.
4 – Ilha de Inhaca
Apenas alguns minutos de barco a partir de Maputo, essa pequena terra pacífica é reputada como uma das casas da fauna e da flora mais raras do mundo. E foi sonhando com praias desertas, uma vibe totalmente tropical, em uma água clara de cristal, que eu e os brasileiros deslumbrados conhecemos a tamanha preciosidade daquilo. Apenas imagine recifes de corais e espécies marinhas exóticas vivendo em harmonia; Depois, vá parar na Inhaca, que de estranha, só tem o nome. A ilha tem apenas algumas centenas de habitantes, que estão totalmente envolvidos com a preservação do local e da biodiversidade que lá existe. E na maré baixa, de quebra, o quintal da casa dos que lá vivem são as areias brancas, cercadas por mares azul-celeste.
5 – “Polana Serena Hotel”
Caminhando pelo coração de Maputo, em uma das mais prestigiadas avenidas da cidade, foi que eu tive uma das ideias mais magníficas da minha vida: conhecer o Polona Serena Hotel – o tão falado pelos africanos. O edifício histórico da hospedagem tem um charme clássico, elegante e foi construído em estilo colonial. A dica é: tire um tempo para desfrutar de um chá da tarde ou uma cerveja local. Sim, a visita turística lhe concede esse privilégio. Foi por isso que eu saí praticamente um “pé rapado expert” na degustação: chás, doces típicos, entradas, lagostas e afins. Mas nem me sinto tão culpado; afinal, você perderia essa oportunidade em uma atmosfera paradisíaca, com vista para a piscina e o mar? (E eu garanto que nada vai chegar aos pés daquilo).
6 – Moçambique, um banho cultural
Diante da essência de Portugal e da forte influência da colonização, a cultura do país é uma referência mundial nas suas construções, arquitetura, monumentos e costumes. A Ilha de Moçambique foi declarada como Patrimônio Mundial da Unesco no início dos anos 90. Como um bom apreciador de história, assumo que a Pérola do Índico me fisgou logo de início. O apelido do país faz o jus mais justo que já vi. E para mim, um pôr-do-sol ao redor de um mar tão azul, digno de um paraíso, sempre vai merecer uma próxima visita.
Deixe um comentário
Escrito por Rafael Feltrin
Tenta ser legal, mas roubava Tazos na 5ª série.