As savanas do Parque Nacional Kruger – Parte 2
Manhã: O sol já nos saudava majestosamente ao amanhecer e, através da neblina, enxergamos uma família de impalas (espécie de cervo nativo da África) atravessando nosso caminho.
“É muito importante manter o silêncio, absolutamente nenhuma fala”, nosso amigo Jeff explicara – “vozes humanas levam os animais para longe de nós e, definitivamente, não é isso o que queremos, certo?” Após a sutil bronca do guia, só restavam os sons daquela imensidão selvagem.
A luz da manhã era refletida nas folhas umedecidas, de forma tão minuciosa que as frestas eram explêndidas até mesmo entre teias de aranha; ao instante em que o sol refletia sobre nós, aos poucos, a “ficha ia caindo” a respeito daquele momento, em que você encontra nada menos do que a beleza – em seu estado mais natural possível – completamente nua diante dos seus olhos e, sob imensa maestria entre tantos reflexos, lhe faz refletir o quanto esse tal de mundo pode ser maravilhoso e o quanto você talvez esteja demorando para usufruir dele.
A beleza que nem o próprio Jeff, no alto dos seus 15 anos trabalhando como guia, se dava o luxo de não ceder aos encantos: “Todos os dias em que eu dirijo por aqui, aprendo a enxergar as coisas de um modo de diferente. Nascido e criado nessas terras, apreciar a maravilha da nossa nação é praticamente uma obrigação para nós, sul-africanos”. Foi o bastante para que nós, meros e mortais estrangeiros, ficássemos esmorecidos, fazendo apenas um sinal de “sim” com a cabeça. Enquanto isso, Jeff observava as pegadas dos animais, como se nunca as tivesse visto.
Quase como um “protocolo” de celebração sul-africana, os dias no Kruger eram encerrados com o famoso churrasco e “passatempo nacional” chamado “Braai”, que significa “carne grelhada” em africâner (nostalgia da fome mode on).
Houve risos de algumas hienas entre as vegetações e tudo ficou em silêncio novamente. Já meus pensamentos, preenchidos com os aromas, sons e movimentos que tínhamos vivido durante os últimos três dias. Confesso também que tentei encontrar destaques ou best moments, mas logo desisti. Cada momento vivido lá teve o seu destaque. E deles meu cérebro sempre fez questão de se lembrar, nitidamente. Recordar a experiência de viver o Kruger é uma das sensações que faz com que eu não me arrependa nunca de amar tanto a África.
Leia a parte 1 aqui.
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Escrito por Rafael Feltrin
Tenta ser legal, mas roubava Tazos na 5ª série.