Sí, Sí, Colômbia!
Estava no segundo dia de janeiro e eu já tinha ideia de como seria meu ano inteiro: planos de estudo, trabalhos, as amizades que eu iria priorizar e o closet que eu iria finalmente organizar, separando as roupas que eu não usava mais. Tudo em vão. Depois de oito dias eu conheci o Filipe (um amigo que minha irmã Letícia conheceu em uma entrevista para o Podcast O Nome Disso é Mundo). Sabia que eles se falavam todos os dias e que ele gostava das mesmas coisas que eu, mas eu nem desconfiava que ela estava tramando para que nos conhecêssemos. Surgiu um interesse mútuo e nos adicionamos pelo Facebook. Depois disso, e-mails gigantescos, Skype, WhatsApp e foi inevitável qualquer pagode romântico fazer sentido e eu nem achar tão cafona assim. Eu acho mais fácil entender se for assim: e foi inevitável todos os pagodes românticos fazerem sentido – afinal, quando se está apaixonado, nenhum deles é tão tosco assim.
Depois de alguns poucos meses, Filipe – que morava em Lisboa – voltou para Fortaleza – CE, disse que compraria passagem para ir a Brasília (cidade que eu morava). E foi. Depois do dia 18 de março, foi difícil ficarmos separados: a cada encontro, fazíamos contagem regressiva para o próximo. Cada vez mais fazíamos parte da vida do outro e quando surgiu a oportunidade para ele vir morar em Medellín – Colômbia, decidimos que embarcaríamos juntos nessa aventura. A viagem foi no início de junho, um dia depois do meu aniversário.
Peguei um avião para Fortaleza – CE, onde fiquei por um dia. No caminho do aeroporto, ouvi várias recomendações da minha mãe. Ela dizia que eu tinha que cuidar da saúde e que não entendia o porquê de eu sempre fugir de médico. Se eu tivesse resposta para a dúvida dela, eu teria dado naquela hora, mas nem eu sei bem o porquê. Com lágrimas antecipadas de saudade, reclamou por coisas pequenas para esconder que na verdade não queria assumir não saber lidar com mais uma filha morando longe. E choramos.
Ao entrar no avião, um sentimento de euforia tomava conta de mim. Não senti medo. Pela janela, vi a cidade em que vivi durante meus 29 anos. O Congresso Nacional e os Ministérios já estavam minúsculos e, nessa hora, senti um frio na barriga: era hora de dar tchau para Brasília, depois pra Fortaleza, depois para o Brasil. Conforme a escala ia diminuindo, a ansiedade aumentava. Era tudo muito misturado e até difícil definir o que eu sentia.
Na fila do check-in para irmos a Bogotá, uma surpresa: tínhamos que comprar a passagem de volta para o Brasil. Não poderíamos embarcar somente com a de ida. Me deu uma imensa vontade de “xingar muito no twitter”, já que quando compramos as passagens de ida no próprio guichê da Avianca no Aeroporto de Brasília, não nos informaram sobre essa suposta exigência. Tudo bem. O que importa é que deu tudo certo depois. Aliás, acho que a nossa relação ficaria melhor, Avianca, se aquela pasta do jantar não me fizesse lembrar do jantar de Litchfield. Aquele espaguete insosso me fez sentir a própria Piper. Joguei um queijo por cima e logo dormi.
Chegamos a Bogotá. Aeroporto gigante e bonito, fomos para a fila de imigração. Tudo era novidade pra mim. Nunca estive na Colômbia antes e, apesar do cansaço, quis observar tudo. Percebi que o povo colombiano é extremamente gentil, mas ainda estava em dúvida se era porque estávamos no aeroporto. Depois de um dia em Bogotá, ainda pensava que devia ser sorte. Quanta gentileza! Fiquei encantada. Como ficamos só domingo por lá, visitamos o Museu do Ouro (vale a pena ir!), a casa do Simón Bolívar (Quinta de Bolivar) e depois fomos a um bar. Estava gostando de tudo e ansiosa para o que me aguardava em Medellín.
Pegamos um ônibus de Bogotá a Medellín. Nem é tão cansativo. O caminho é sinuoso porque tem várias subidas e a região é montanhosa, mas dormimos a noite toda graças ao santo Mareol. (Mareol é como se fosse o remédio Dramin. É altamente aconselhável para viagens longas para evitar o enjoo). Quando o ônibus parou, peguei minha bolsa e só pensava que aquela era minha atual cidade. Pensei na minha tia que não consegui ver antes de ir embora, na minha prima que tem oito anos e que logo vai estar nas bancas de revista procurando Capricho e vai se esquecer das nossas brincadeiras e dos brigadeiros feitos à tarde. A vida me pedia coragem. Olhei para tudo, dei um beijo no rosto do meu namorado e sorri.
No final do dia nem me lembrava mais de Avianca. Nem me lembrava que tinha comprado uma passagem de volta que eu não iria usar. Não me lembrei mais da pasta pálida com gosto de queijo de saquinho. Eu estava sorrindo para a Colômbia e ela estava me dando boas vindas com a enorme simpatia que eu jurava ser sorte. Continuava desconfiando: não era possível que todo mundo fosse tão solícito e sorridente assim. Depois de duas semanas aqui, percebi que a amabilidade do povo colombiano é verdadeira. A desconfiança acabou e continuo me surpreendendo com as paisagens e a simpatia.
[box type=”info” align=”alignleft” ]Horários e preços:
Museo Quinta de Bolívar – de terça-feira a sexta-feira, das 9h às 17h. Sábados e domingos, das 1oh às 16h. Adultos pagam COP 3.000 (~R$ 4), crianças de 6 a 12 anos: COP 1.000 (~R$ 1,35), estudantes: COP 2.000 (~R$ 2,70). Maiores de 60 anos são isentos. A entrada aos domingos é gratuita. Endereço: Calle 20 # 2 – 91, Bogotá – Colombia.
Museu do Ouro – De terça-feira a sábado: das 9h às 18h. Domingos e feriados: das 1oh às 16h. O valor é COP 3.000 (~R$ 4). Entrada gratuita aos domingos. Endereço: Parque de Santander, Carrera 5ª esquina de la calle 16, Bogotá – Colômbia.
Bogotá Beer Company – Calle 12D # 4-02, Bogotá – Colômbia. Aberto das 12h30 às 3h. Fecha aos feriados.
Passagem de ônibus Bogotá-Medellín: COP 50.000 cada (~ R$ 67)[/box]
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Escrito por Filipe Teixeira
Escritor amador e ansioso profissional.