Rio de Janeiro, Brasil – Cidade 1 de 50
Eu escuto Beatles desde meus 12 anos de idade – ou pelo menos foi desde essa época que passei a escutar as músicas deles sabendo que eram deles. Desde então, passei a ir pra muitos shows de bandas covers, mas, como todo fã, meu grande desejo era ver um show do Paul ou do George (foi mal, Ringo, mas não).
Até que, em 2010, o Paul McCartney fez dois shows no Brasil, um em Porto Alegre e outro em São Paulo. Infelizmente, assisti pela TV aquela reprise meia-boca da Globo. Mas, no ano seguinte, ele anunciou um show no Rio de Janeiro, e dessa vez decidi ir. Mal sabia eu que o show do Paul McCartney ia ser só mais uma atração da cidade conhecida como maravilhosa.
Cristo Redentor e Lapa

Mais bonito que a versão do Civilization.
Depois de ter garantido os ingressos num esquema que contou com um desvio na distribuição do sinal de internet do bairro, comprei as passagens e reservei as diárias no hotel Formule 1. O voo Fortaleza-Rio partiria às 2h40 da manhã. E pelo que ouvi das conversas no aeroporto, muita gente que estava naquele voo ia para o show.
Passado o terror que é a decolagem, todos aqueles barulhos que o avião faz durante o voo e a aterrissagem no Aeroporto do Galeão, que é assustadora, porque você jura que vai cair na água, estávamos no Rio de Janeiro. Fomos direto do aeroporto para o hotel, onde fizemos o check-in e tomamos café. Ouvimos a vida inteira aquela história de “Rio 40 graus”, mas corria um vento frio demais pras roupas que levamos naqueles últimos dias de maio.
Tomamos o trem na Central do Brasil até o Engenhão para trocar as confirmações que recebemos por e-mail pelos ingressos. E eu já estava no meu limite de sono. Já fazia pelo menos umas 30 horas que eu estava acordado, pois havia trabalhado durante o dia anterior, não dormi antes do voo e menos ainda no avião.
Depois do justo sono, lá pelas três da tarde, saímos do hotel pra confirmar se o Rio de Janeiro continuava lindo. A primeira parada foi o Cristo Redentor. O taxista dirigiu alucinadamente em direção ao nosso destino, cruzando sinais vermelhos em alta velocidade enquanto procurava no jornal os horários do show do Arnaldo Antunes para nos dizer.
Tendo sobrevivido, compramos os bilhetes do trem para subirmos até o topo do Corcovado, onde se situa a estátua do Cristo. Já era noite e, no meio da travessia, todas as luzes do trem foram apagadas. Mas até eu perceber que a intenção era que os passageiros apreciassem as luzes da cidade lá embaixo, morri de susto, afinal estávamos a quase 700 metros de altura e não ia ser legal cair dali.

Arcos da Lapa.
Optamos por subir os 220 degraus até o Cristo em vez de pegarmos a fila do elevador. A cada parada entre um lance e outro de escada, víamos a cidade iluminada lá embaixo de um ângulo cada vez maior maior e, mesmo à noite, a vista é espetacular. Ao chegarmos ao topo, o Cristo imponente refletindo a iluminação artificial foi uma das imagens mais fortes e hipnotizantes que vi na vida.
Depois do Cristo, fomos ao Arpoador, onde estava acontecendo o tal show de graça do Arnaldo Antunes que o taxista havia falado. Mas quando chegamos, ele havia acabado de deixar o palco.
Com medo de pegar um ônibus errado na noite carioca, fomos de táxi até o tradicional bairro da Lapa, onde tomamos as últimas cervejas da noite e perambulamos pelas ruas cheias de gente até encontrarmos um bar onde uma banda cover dos Beatles estava tocando, mas devido à lotação, ficamos do lado de fora mesmo.
Copacabana e Paul McCartney

Ele me disse que João amava Teresa.
Não falei antes, mas vou falar agora: que café da manhã horrível o do Formule 1. Não sei como está hoje, mas em 2011 era sofrível. No entanto, o hotel vizinho era o Íbis. Pagamos R$8 pelo café da manhã, mas valeu cada centavo. Foi um dos melhores cafés da manhã de hotel que já comi.
Devidamente alimentados, pegamos um ônibus até Copacabana, pra ver se era realmente “um bom lugar pra passear“. Na verdade meu objetivo era encontrar a estátua do Drummond pra tirar a tradicional foto.
Passamos pelo Copacaban Palace, onde o Paul estava hospedado e uma porção de fãs empunhavam cartazes e esperavam por alguma chance de falar com o ídolo. Almoçamos num restaurante na Praça Tiradentes e voltamos para o hotel pra descansar um pouco antes de irmos para o show. Lá pelas cinco da tarde, pegamos o trem (lotado) na Central do Brasil em direção ao Engenhão.

“Boua noitche, Riou de Djaneirou”
A fila em volta do estádio já estava enorme quando chegamos. Eu lembro que o show estava marcado para as 21h, mas não recordo agora a que horas os portões do estádio foram abertos. Mas com certeza não foi antes das 19h, portanto ficamos naquela fila por pelo menos duas horas.
Qualquer coisa que eu escrever aqui sobre esse show não será capaz de descrever a sensação que experimentei aquela noite. Foram três horas ouvindo as músicas que fizeram a trilha sonora de grande parte da minha vida. Das 33 canções do setlist, 22 foram da época dos Beatles e as outras 11 da carreira solo do Paul. Emoção indescritível, definitivamente.
Voltamos para a Central do Brasil e tentamos pegar um táxi para a Praça Tiradentes, mas todos os taxistas se recusaram a nos levar. Já era a madrugada de domingo para segunda e talvez não fosse uma ideia muito boa caminharmos pelo centro do Rio de Janeiro àquela hora. Porém foi o que fizemos, e em 20 minutos estávamos no hotel.
Jardim Botânico e a volta

Valeu, D. João!
Fizemos o check-out no Formule 1 e deixamos as mochilas no locker. Depois tomamos café da manhã mais uma vez no Íbis e rumamos para o Jardim Botânico. É um lugar impressionante. Dá uma sensação de que lá dentro é outra dimensão, já que não se ouvem mais os carros nem se respira mais o ar poluído da cidade. Estabelecemos um circuito a partir do mapa do lugar e, quando nos demos conta, estávamos em cima da hora.
Ainda assim, demos uma volta pela Lagoa Rodrigo de Freitas, fomos à Biblioteca Nacional e compramos uns livros na feira da Cinelândia. Depois disso, almoçamos, pegamos as mochilas no Formule 1 e fomos para o aeroporto. Mesmo com o tempo resumido e tendo cometido um pequeno erro de cálculo na rota, conseguimos entrar no avião de volta para Fortaleza.
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Escrito por Filipe Teixeira
Escritor amador e ansioso profissional.