El viajero – Parte 1 – Manizales
No Brasil, eu estava acostumado a moldar meu fim de semana de acordo com a programação da Sky, no máximo ia ao cinema. Aqui eu não tenho TV, então era internet mesmo, e até tinha retomado a rotina de ver filmes no cinema e veio aquela sensação, já descrita aqui, de estar fazendo a mesma coisa. Mas eis que descubro em mim el espíritu viajero.
Indo para Manizales
O Manuel e a Karol são de Manizales, que fica no Departamento de Caldas, a 5h horas de carro de Medellín. Assim como no Ceará, 19 de março também é feriado aqui, e caiu numa segunda. Então, na sexta-feira à tarde, saímos de Medellín eu, Karol e Manuel. Viajar na Colômbia é um sobe-e-desce constante: partimos dos 1.500 metros de altitude de Medellín, descemos até os 600 metros de altitude de La Pintada e depois subimos até os 2.100 metros de altitude de Manizales. E com a variação da altitude, varia também a temperatura. Em Medellín, 25°, em La Pintada, 30° à noite, e depois 17° em Manizales.
Nevado del Ruiz
No sábado, eu fui ao Nevado del Ruiz. É um vulcão de mais de 5.300 metros, mas como estava em alerta amarelo, só pudemos subir até os 4.600 metros, e neve que é bom, só de longe, embora, dois dias depois, em Manizales, encontramos um casal de Medellín que foi ao Nevado no domingo e disse que nevou tanto que ficou chato. Semanas depois, uma colega de trabalho me disse que uma semana antes de eu ir, tinha ido e que caiu tanta neve que doeu o braço dela. A vida é dura. Bom, quando chegamos aos 4.600 metros, fizemos o que todo mundo faz quando chega ao (quase) topo de uma montanha: descemos. Mas eu não sou tão blasé assim. Foi bastante divertido e experimentei um frio que até então nunca havia passado. Não sei exatamente quanto, mas seguramente menos de 5°C. Isso porque fazia sol. Além disso, as roupas de frio nos deixam muito mais bonitos. Percebi lá que brasileiro é sucesso. Tiramos a bandeira da bolsa e ouvimos: “Ah, yo quiero una foto con los brasileros!” E no meio das pessoas que estavam na excursão havia um russo que pensava que no Brasil se fala espanhol. Eu não sabia que ainda existia essa dúvida.
Manizales em si
Chamam Manizales de “a cidade dos três efes: fria, fea y falduda”, traduzindo livremente, “fria, feia e cheia de ladeiras“. É verdade que é bem fria. Não dá pra sair com uma blusa só, e é cheia de ladeiras mesmo, é um abismo atrás do outro. Mas feia não. Nem se compara a Medellín, que é linda, mas não se pode dizer que é uma cidade feia. Eu não conseguiria morar lá, porque é pequena e tal, mas feia não.
Família Cano
Ficamos na casa do Manuel e da Karol. Fomos recebidos da maneira mais calorosa possível. Primeiro pelo Sam, que, segundo seus donos, nunca late, mas pra mim ele latiu; e depois pelo seu Fernando e pela Dona Rosario, que nos deu de comer (muito e bem). Eles formam uma família espetacular, que dá aquela invejinha branca de não ser a sua.
El espíritu viajero
Encontrei a companhia perfeita para viajar. Embora ela me obrigue a utilizar todo meio de transporte que se mova pendurado por um cabo e ria do meu medo de altura, ela consegue transformar o mapa turístico de uma cidade na coisa mais divertida possível. Foi o que fizemos em Manizales. E esse espíritu viajero não acabou lá, nos quatro fins de semana seguintes, conhecemos mais cidades do que eu conheci no Brasil em anos.
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Escrito por Filipe Teixeira
Escritor amador e ansioso profissional.