Brasília às moscas

5 de janeiro de 2012 | Escrito por Filipe Teixeira | Diário de viagem, Oreo - Eu na Colômbia

Quem assistiu a Os Aspones sabe do que eu estou falando. E pra quem assistiu a Os Aspones, é impossível estar em Brasília e não fazer as mesmas piadas. Cheguei a Brasília dia 1° de janeiro e vivi a expressão “Brasília às moscas”. O supermercado ao lado do hotel, que ostentava a placa 24h, estava fechado, então a esperança de que qualquer outra coisa estivesse funcionando se esvaiu. Foi um dia de tédio. Estava meio deprimido. Céu nublado, longe de casa, sem créditos no telefone e sem ter onde comprá-los, preferi dormir. E o fiz até quatro da tarde, porque não consegui dormir no avião.

O Avião

Detesto decolagens. O primeiro pensamento que tenho quando decolo é: é claro que isso não vai dar certo. Como diria a Vani, um negócio tão grande, tão pesado… como pode voar? Mas quando a nave supera as nuvens, aí fico tranquilo. Não me incomodo com turbulência, e tem horas que o avião parece um pau-de-arara de tanto que balança, o problema é a decolagem. Tendo o avião pousado, tudo volta ao normal.

Turistando

No dia 2, encontrei a Karin e a Karen na Biblioteca Nacional. Muita chuva e eu pensava que elas não iriam. Até mandei uma mensagem pra Karin dizendo que entenderia se ela não fosse, afinal, naquela chuva, o esquema era ficar deitado. Mas ela foi, e uma hora depois chegou a Karen. Passamos pela catedral e comecei minha missão de tirar fotos do cogumelo nos pontos turísticos. Primeiro com a catedral, depois com a estátua da justiça, sob os protestos de um segurança, que perguntou se eu iria colocar a foto na internet, e eu disse Claro que não!, então ele respondeu que tudo bem e que tudo estava sendo filmado. Depois almoçamos, fui à rodoviária e de lá para a embaixada colombiana. Na volta, parei em frente ao Congresso Nacional e tirei mais uma foto do cogumelo.

O Visto

Em Brasília todas as coisas estão muito longe de onde você está. Você até vê o lugar aonde precisa ir, mas quando você começa a andar na direção, parece que seu destino se afasta. É tudo muito, muito distante de qualquer outro ponto. Desci do ônibus na quadra 603 sul, e a embaixada fica na 803 sul. É apenas uma quadra de distância, segundo o sistema criado pelo Lúcio Costa (meu novo ídolo, o padrão que ele criou é invejável), mas vai andando pra ver… nunca chega, nunca. Mudei de lado da rua pra pegar um táxi, mas nenhum passou. Até que eu vi a embaixada argentina e pensei: é em ordem alfabética, então tenho que passar pelo A inteiro, pelo B e boa parte do C até chegar à da Colômbia. Mas eu estava errado. Depois da embaixada argentina, é a do Chile e então a da Colômbia, mas não pense que foi logo, foram vinte minutos andando, sem exagero. Peguei um crachá de visitante e subi para finalmente pegar meu visto, que eu esperava há 41 dias. Preenchida toda a papelada, selado, registrado, carimbado, avaliado, rotulado, agora eu poderia voar.

A Última Noite

Meu hotel ficava no Núcleo Bandeirante. Pra quem é de Fortaleza, o Núcleo Bandeirante é como se fosse Maracanaú. Marquei com a Karen às 20h no Shopping Conjunto Nacional, mas decidimos chegar às 21h30 apenas. Muita chuva. E esse dia nunca anoiteceu. Só às 20h o sol começou a se pôr. Fomos a um evento chamado Criolina, no Bar do Calaf. Tomamos Baden Baden e Devassa (apesar do feminismo da Karen) e até dançar eu dancei, ou me aproximei o máximo que pude disso. Eu estava com a camisa da Colômbia, aí um cara me perguntou se eu era colombiano, eu disse que não, mas disse que estava indo pra Colômbia. Então ele me deu dicas de como “chagar nas gata” em Medellín, mas é difícil pra mim confiar em alguém que fala “cabuloso”. Voltei ao hotel e do hotel para o aeroporto. Faltavam apenas duas horas para deixar o país. Quando vi as passagens não sei muito bem o que senti, mas sei que lacrimejei, liguei pra minha mãe, pra Érica e parti rumo à experiência mais transformadora desses meus 27 anos.

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Escrito por Filipe Teixeira

Escritor amador e ansioso profissional.